«Estradas de Portugal» reforça protecção do lince-ibérico

Empresa envolvida em vários projectos ambientais

2010-11-08

Por Carla Sofia Flores

Na Península Ibérica existem entre 84 e 143 linces ibéricos adultosA Associação para a Conservação do Lince-ibérico e desenvolvimento dos seus territórios (IBERLINX) conta agora com a parceria da Estradas de Portugal (EP), que pretende “contribuir para a reintrodução e conservação do lince ibérico e dos territórios onde se incluem os seus habitats e populações”, explicou ao Ciência Hoje Ana Cristina Martins, directora do Gabinete de Ambiente da empresa.

Segundo esta responsável, a integração da EP na IBERLINX vai dar azo ao desenvolvimento de medidas que contribuam para a minimização da probabilidade de atropelamento de linces nas estradas e do efeito-barreira causado por estas infra-estruturas.

Ana Cristina Martins admite que as estradas constituem uma barreira à mobilidade dos animais e que o atropelamento é um factor de mortalidade. No entanto, acredita que o estado de pré-extinção em que a espécie se encontra está relacionado principalmente com a perda de habitat e indisponibilidade de alimento devido à regressão, nas últimas décadas, das populações de coelho, a principal presa do lince, e não à presença da estrada.

A implementação de medidas de minimização e compensação de impactos provocados pelas estradas na fauna está contemplada na legislação e, de acordo com Ana Cristina Martins, “a EP tem vindo a cumpri-la nos seus projectos”. Contudo, com a integração na Associação IBERLINX, esta empresa pretende “ir mais além das medidas usualmente implementadas, participando em acções que visam a conservação da espécie em território nacional”.


Estradas são barreiras para a mobilidade dos animais
“Não se trata de ‘pôr a mão na consciência’”, diz a responsável, acrescentando que na sua actuação a EP sempre desenvolveu estudos de impacte ambiental, onde a componente biológica é uma das vertentes estudadas. Estes estudos permitem projectar as estradas em respeito pelos valores em presença ou, no caso de não ser possível evitar afectação de habitats e espécies em particular, implementar as medidas de minimização e compensação que são entendidas como necessárias pelos especialistas.

“A mobilidade é em si mesmo um valor a garantir, preservar e promover como garantia da própria sustentabilidade do território e preservação de valores ambientais, pois é garante de actividade económica e sem esta não haverá recursos, por exemplo, para a reintrodução do lince”, frisou Ana Cristina Martins.

No âmbito da conservação da biodiversidade, a EP também já estabeleceu protocolos com universidades e fundações, para estudos de investigação e acções de conservação, tal como aconteceu com a Faculdade de Ciências de Lisboa, que realizou um estudo da mortalidade de vertebrados nas estradas para que se implementem medidas que permitam reduzir este factor.

Ana Cristina Martins destacou também a participação da EP na Fundação Floresta Unida com o objectivo de contribuir para a reflorestação de áreas afectadas por incêndios ou outras fontes de degradação.

Artigo em CiênciaHoje

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